Uma série de matérias publicadas recentemente no site de notícias G1 reforçam, através da opinião de especialistas do setor aéreo, a importância do investimento em formação de novos pilotos brasileiros para todos os segmentos da aviação civil.
Os especialistas e diretores do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), ouvidos nas matérias, relatam o lobby das empresas pela permissão de contratação de pilotos estrangeiros na operação offshore. Atualmente, essa contratação é proibida pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, que autoriza apenas o emprego de tripulantes estrangeiros em caráter provisório, por até seis meses. Todavia, desde 2009, tramita na Câmara o projeto de lei 6.716, que pretende alterar a norma, autorizando a contratação de tripulantes estrangeiros por até 5 anos.
O SNA vem argumentando junto ao relator da matéria, deputado federal Bruno Araújo, que há alternativas para evitar a falta de profissionais no mercado, como o estímulo e subsídio à formação de novos profissionais e a oferta de melhores salários por parte das empresas. Para a entidade, as empresas fazem o lobby não porque faltam pilotos, mas porque o interesse deles na aviação offshore fica diminuído diante dos salários praticados nesse mercado, menores por exemplo, que o das companhias de aviação regular.
As empresas também não investem em formação como deveriam e o governo não oportuniza cursos em universidades e escolas gratuitas para formar pilotos, o que poderia reverter em pouco tempo qualquer déficit de trabalhadores no setor.
"Se as empresas investirem na formação, não precisa vir estrangeiros. Acho que o problema da língua pode prejudicar a segurança do tranporte. A melhor solução é empresas de offshore criarem o seu próprio corpo de instrutores e treinarem seus pilotos. Aí têm a certeza de que são os melhores para operarem estas aeronaves”, diz o presidente da Associação Brasileira dos Pilotos de Helicóptero (Abraphe), comandante Rodrigo Duarte, ao G1.
Outra conclusão que pode ser tirada analisando as matérias é que não só no Brasil mas em todo o mundo faltarão profissionais para esse mercado, no futuro, caso não haja ampliação de investimentos e subsídios para a formação. E que, no caso específico do Brasil, há interesse dos jovens em ingressar na carreira, empreendedorismo e necessidade crescente das companhias em contratação, faltando apenas esse investimento, tanto das empresas, quanto do governo.
Ou seja, permitir a contratação de pilotos estrangeiros, além de precarizar as condições de trabalho no Brasil, colocando em risco inclusive a segurança de voo, a médio e longo prazo é uma medida com consequências extremamente prejudiciais. "É não aproveitar esse momento extremamente propício para capacitarmos profissionais brasileiros(as) - quando ainda dispomos de pilotos qualificados para atender nossa demanda", afirma o SNA. A entidade defende que formar profissionais brasileiros garante a independência do país nessa área e a soberania nacional.
O SNA encaminhou uma carta ao deputado, com considerações contrárias a aprovação da matéria no Congresso, e um e-mail reforçando esses argumentos ilustrado pelas matérias do G1. A entidade espera que o Congresso reflita sobre o projeto com responsabilidade, pensando não só no interesse das empresas, mas na soberania do país, na geração de empregos e na qualificação do mercado de trabalho dos aeronautas brasileiros, garantindo segurança aos tripulantes, passageiros e população em geral.
Fonte: SNA
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.