Após o anúncio de demissão em massa na TAM,
empresas aéreas de outros países estão se voltando para o Brasil para
preencher suas vagas em aberto. Nos últimos dois dias, uma agência de
empregos irlandesa, especializada em contratações para a aviação, reuniu
cerca de 80 comandantes e copilotos de várias companhias que se
mostraram abertos a avaliar propostas de lugares tão longínquos quanto o
Vietnã.
“Viemos porque ficamos sabendo das demissões na TAM. Como a reputação do piloto brasileiro é boa, achamos oportuno apresentar as vagas que temos lá fora”,
disse Garrett McGuckian, presidente da Direct Personnel. Ele falou aos
brasileiros sobre vagas na Korean Air, Vietnam Airlines, Jetstar Japan,
Jet Airways e Ethiopian.
No encontro de terça-feira, 13, pela manhã,havia
30 pilotos e copilotos da TAM, da Gol, da Avianca e da Passaredo.
Apesar de a maioria estar empregada, parte está em busca de novas
oportunidades ou sabe que será demitida. A TAM abriu um
Programa de Demissão Voluntária (PDV) para cortar 811 pilotos e
comissários. A medida reflete os sucessivos prejuízos da empresa, que
acumulou perda de R$ 1,2 bilhão no ano passado e tem reduzido a oferta
de voos.
Um
copiloto da TAM, que não quis se identificar, disse estar considerando
plenamente a ideia de trabalhar na Coreia do Sul ou no Vietnã. Eles são
bem rigorosos (na Coreia), mas existe a oportunidade de voar aeronaves
maiores. Fora que piloto não pode ficar parado. Ele vai se casar neste
ano, mas diz que a esposa estará disposta a mudar do Brasil caso seja
necessário.
É
do interesse de empresas asiáticas a presença de pilotos do Brasil
entre os funcionários. Uma característica que atrai, segundo McGuckian, é
a versatilidade do brasileiro, que tem fama de se adaptar facilmente a
novos ambientes.
Outro
motivador é a escassez de mão de obra. O Vietnã reconhece que (seu
setor aéreo) vai crescer mais do que sua capacidade de formar pilotos,
disse o presidente da Direct Personnel. Há ainda o plano de montar
equipes mais heterogêneas nas aéreas, com funcionários de outras partes
do mundo.
A Qatar Airways também enviou representantes a São Paulo, há
uma semana, para sondar os brasileiros, segundo os pilotos.
Apesar
de toda essa atenção, o clima entre os pilotos locais é de frustração.
Outro copiloto da TAM disse já poder ensinar como ser demitido. Ele foi
dispensado pela Gol em 2012 e acredita que o mesmo ocorrerá agora. O
mercado está perigosamente hostil, disse um piloto presente ao evento da
Direct Personnel. Ao menor indício de que possa ser mandado embora, já
estarei preparado.
Desafios
As
empresas aéreas brasileiras têm enfrentado dificuldades. Apesar do
corte de custos realizado – com a redução da oferta de voos e mudanças
operacionais -, a alta do dólar atinge em cheio os resultados.
Enquanto
isso, em boa parte da Ásia o setor está aquecido. Apenas a Lion Air, da
Indonésia, encomendou 234 aeronaves à Airbus, por US$ 24 bilhões. A
Vietnam Airlines procura no momento 120 pilotos. E a estimativa é de que
a China precise de 5 mil aviões comerciais para atender a demanda até
2030.
Os salários oferecidos pelos asiáticos aos brasileiros são, em geral, mais altos que os pagos pelas empresas nacionais.
O valor, para voos domésticos, varia entre US$ 9,8 mil e US$ 12,9 mil
para comandantes e US$ 7,1 mil a US$ 8,4 mil para copilotos, dependendo
da companhia. No Brasil, segundo estimativas de mercado, a média é de R$
10 mil e R$ 7 mil, respectivamente.
Candidatar-se
a vaga no exterior, porém, exige grande esforço, a começar pela
exigência de uma carta de verificação de licença, que tem de ser pedida à
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Quem está tentando diz que a
espera pelo documento pode durar mais de cem dias. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão, via Portal Exame
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