Formada em administração, a ex-comissária de bordo Grazielle Sanches,
demitida da companhia aérea Webjet em novembro passado, estuda para
concurso na área militar ou bancária. A ex-comissária Andréia Pinto de
Mesquista dá aulas em escola de aviação para garantir alguma renda,
assim como seu colega Alexandre Dias. A ex-comissária sênior Débora
Augusto de Miranda inverteu a situação na sua casa. No lugar de ajudar a
família com o orçamento, está sendo acolhida. Desde que saiu da
companhia aérea, passou a vender sorvete com a mãe, no Parque Municipal
Américo Renné Giannetti, em Belo Horizonte. O ex-comissário Nelson
Oliveira gastou praticamente todas as economias acumuladas ao longo de
um ano para arcar com as despesas atuais.
A ex-supervisora de aeroporto
Thaís dos Santos Martins tentou emprego em todas as companhias aéreas,
mas não conseguiu. Também resolveu estudar para concurso público.
Os
funcionários demitidos da extinta Webjet fazem bicos para tentar ganhar
renda extra e não entrar no vermelho no orçamento doméstico. Eles foram
demitidos em novembro passado, reintegrados à companhia aérea por
determinação judicial em dezembro e demitidos novamente em março. Neste
mês, a Gol foi condenada pela Justiça a pagar multa de R$ 1 milhão por
dano moral coletivo pelas demissões na Webjet. A empresa aérea também
deverá ter que reintegrar os 850 funcionários demitidos da Webjet, sob
pena de multa diária de R$ 100 por trabalhador. A Gol informa que vai
recorrer da decisão.
Os comissários de bordo contam que recebiam, em
média, entre R$ 2,8 mil e R$ 4 mil de salário mensal quando voavam. O
salário base, segundo eles, era de R$ 1,23 mil. O que engordava o
rendimento eram os benefícios das diárias, horas voadas, entre outras
atividades. Com o corte dos benefícios, o salário dos demitidos foi
reduzido a um terço do valor entre dezembro e março. Agora, voltaram a
ser desligados da empresa. “É meu marido quem tem segurado as pontas com
a maioria das contas. Os outros comissários estão se virando com bicos,
como o trabalho em lojas de amigos, por exemplo. Como mantiveram o
vínculo empregatício, não podiam arranjar outro trabalho”, afirma
Andréia Mesquita.
O sonho de voltar a voar parece distante para os
funcionários demitidos. “Eu já tentei emprego em todas as companhias
aéreas, mas não participei de nenhum processo de seleção. O mercado está
inchado”, afirma Thaís dos Santos Martins, que era supervisora de
aeroporto. Ela trabalhou na Webjet por mais de três anos. Desempregada
atualmente, faz cursinho preparatório para concurso público. “O meu
marido está ajudando a arcar com as dívidas”, diz.
O comissário de
bordo Nelson Oliveira viu seu sonho de fazer intercâmbio ir por água
abaixo. Ele tinha juntado cerca de R$ 10 mil para gastar em uma viagem a
Londres, Estados Unidos ou Canadá. “Eu já falo espanhol. Agora queria
ter o inglês para melhorar meu desempenho na profissão. Mas já gastei de
60% a 70% das economias. Vou ter que recomeçar do zero”, afirma.
CORTES Para ganhar uma grana extra, o ex-comissário de voo Alexandre Dias tem dado aulas em curso para formação de comissários e feito serviços de recepcionista em bufês. Seus ganhos atuais, no entanto, não chegam perto do que recebia na Webjet. Ele foi obrigado a abandonar o curso de gestão de recursos humanos, o curso de inglês e a mudar de casa. Antes, morava sozinho no Planalto (Pampulha). Hoje, divide apartamento com um amigo no Centro da capital. O aluguel caiu pela metade. “Tenho muita vontade de voltar a voar. Além disso, estava acostumado a um padrão de vida diferente”, afirma Dias.
CORTES Para ganhar uma grana extra, o ex-comissário de voo Alexandre Dias tem dado aulas em curso para formação de comissários e feito serviços de recepcionista em bufês. Seus ganhos atuais, no entanto, não chegam perto do que recebia na Webjet. Ele foi obrigado a abandonar o curso de gestão de recursos humanos, o curso de inglês e a mudar de casa. Antes, morava sozinho no Planalto (Pampulha). Hoje, divide apartamento com um amigo no Centro da capital. O aluguel caiu pela metade. “Tenho muita vontade de voltar a voar. Além disso, estava acostumado a um padrão de vida diferente”, afirma Dias.
A ex-comissária Débora Augusto de
Miranda também tem dificuldade em arcar com os débitos. Ela tem um carro
e uma casa financiados. “Estou procurando emprego, mas as ofertas que
encontro têm renda muito inferior ao que eu ganhava. Amo o que faço e
quero voltar à minha área de atuação”, diz. Ela agora ajuda a mãe, que
atua como ambulante de sorvetes no Parque Municipal.
“A aviação demanda
tempo para contratação. E a concorrência é grande. Hoje temos menos
empresas no mercado. Está difícil conseguir vaga. É como em um concurso
público”, observa. O currículo da ex-comissária de Grazielle Sanches já
foi distribuído para várias companhias aéreas. Mas até agora não houve
retorno. “O mercado está saturado. A Azul comprou a Trip. A Gol, a
Webjet. Temos menos companhias aéreas e muita gente se formando como
comissário”, reclama Grazielle.
Fonte: Portal EM
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