O
preço das diárias de hotéis e das passagens aéreas para destinos
nacionais tem prejudicado o crescimento do turismo interno e a
consolidação do Brasil como um destino para turistas estrangeiros. A
avaliação é do presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur),
Flávio Dino, após o anúncio do déficit recorde da conta turismo no mês
passado, divulgado hoje (18), pelo Banco Central.
“Temos
que levar em conta que o turismo doméstico está muito caro. Conforme o
próprio IBGE já registrou, as passagens aéreas e as diárias de hotéis
estão ficando cada vez mais caras, o que é um problema para o
crescimento do turismo interno e internacional”, afirmou Dino à Agência
Brasil.
Segundo
o presidente da autarquia, vinculada ao Ministério do Turismo, e
responsável por promover o potencial turístico do Brasil, muitos
brasileiros optam por viajar para o exterior após pesquisar e concluírem
que, em muitos casos, sai mais barato do que visitar alguns dos
destinos turísticos nacionais mais procurados. Por outro lado, muitos
estrangeiros deixam de visitar o país devido aos preços. O que resulta
não apenas na maior evasão de divisas, mas também empregos que deixam de
ser criados.
“O
fato de mais brasileiros viajarem para o exterior deriva de uma série
de questões. Algumas são positivas, como a melhoria do poder aquisitivo.
Outras são problemáticas, como o fato concreto de que, muitas vezes,
viajar para o exterior é mais barato que viajar pelo Brasil”,
acrescentou. “Na medida em que um brasileiro que deseja viajar pelo país
acaba sendo induzido, pelos preços, a viajar para o exterior, ele está
deixando de criar um emprego no Brasil para criá-lo em outros lugares”.
Segundo
o Banco Central, entre janeiro e novembro deste ano, as despesas de
brasileiros no exterior chegaram a US$ 20,244 bilhões e os estrangeiros
gastaram US$ 6,082 bilhões no Brasil no mesmo período. Com isso, o saldo
negativo da conta de viagens (a diferença entre os gastos dos
brasileiros no exterior e dos estrangeiros no Brasil) ficou em US$
14,162 bilhões, contra US$ 13,569 bilhões em igual período do ano
passado. Somente em novembro, o déficit ficou em US$ 1,287 bilhão, o
maior para o período, já que os brasileiros gastaram o total de US$ 1,81
bilhão – um recorde para o mês desde que passou a ser registrado, em
1947 -, enquanto os estrangeiros deixaram no Brasil US$ 532 milhões.
Dino
descartou que o governo adote medidas restritivas e defendeu a
manutenção do atual sistema de liberdade tarifária, mas deixou claro que
o setor privado terá que responder às medidas governamentais que
beneficiam o setor aéreo e hoteleiro, como a desoneração tributária e a
redução da tarifa de energia elétrica, que entrará em vigor em janeiro
de 2013. Dino ainda apontou a necessidade de maior concorrência como
forma de garantir preços mais acessíveis.
“Tanto
no setor aéreo, quanto na hotelaria, não é possível adotar o controle
de preços. Não temos que ter medidas restritivas, mas é dever do governo
acompanhar, fazer ponderações à iniciativa privada e buscar medidas
para que haja mais empresas competindo”, declarou.
Ele
relativiza o argumento de que o fato de mais brasileiros terem passado a
viajar de avião ao longo da última década indique que as passagens não
estariam tão caras. “O que aumentou substantivamente foi o poder
aquisitivo da população, beneficiada também pela redução da taxa de
juros. A grande demanda por passagens aéreas, hoje, vem da chamada nova
classe média. E neste momento de maior demanda, precisamos de mais
oferta, o que não vem ocorrendo. Podemos discutir como o governo pode
ajudar as empresas, mas é incompreensível que, neste cenário, com voos
lotados, as companhias estejam tendo prejuízos”, concluiu Dino,
alertando para o fato de que, se a presente situação não se alterar
durante os grandes eventos esportivos dos próximos anos, quando terá uma
grande exposição, o país levará muito tempo para reparar a eventual
imagem de ser um destino turístico caro.
Fonte: Agência Brasil
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