sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Após acidente com cantor, piloto sofre queda com helicóptero de senador

O piloto que se envolveu no acidente de helicóptero com o sertanejo Marrone, que faz dupla com Bruno, em junho, no interior de São Paulo, é investigado em mais caso, que provocou a destruição do helicóptero de um senador em Goiás. Desde que teve a perna decepada no acidente com o cantor, Almir Carlos Bezerra, de 51 anos, sofreu restrições como piloto que o impedem de voar sozinho.

O novo caso ocorreu em 11 de dezembro quando Almir sobrevoava o Aeroclube de Goiânia com um helicóptero Esquilo AS50. A aeronave pertence ao senador Wilder Morais (DEM-GO), que ocupa a vaga do cassado Demóstenes Torres e foi casado com Andressa Mendonça, atual mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Além de Almir, outras três pessoas estavam a bordo. Testemunhas relataram que a aeronave fez várias manobras antes de cair. A destruição foi total. Ninguém ficou ferido.

Após o acidente com Marrone, Almir fez uma avaliação médica na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e teve o certificado de capacidade física estendido até 6 de junho de 2013, em uma cláusula de flexibilidade. Apesar de ser habilitado para diversos helicópteros, foi considerado apto para pilotar apenas Esquilo e proibido de realizar voos sozinho.

A Anac e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apuram se Alrmir descumpriu a restrição e se, supostamente, poderia estar dando instrução na hora da queda. A Anac informou que abriu um processo administrativo, pois “há indícios de que o helicóptero era pilotado por Almir sem a presença de um copiloto, exigido para operações aéreas em que o piloto apresente restrições para voos solo”.

O caso pode gerar multas, suspensão ou cassação das licenças, tanto de Almir como do proprietário do helicóptero, disse a Anac.

No acidente com Marrone, a Polícia Civil levantou a hipótese de que Marrone estaria com os comandos na hora da queda e pediu que o sertanejo fosse responsabilizado por comandar o helicóptero sem ter a autorização. Marrone negou, em depoimento, estar comandando o aparelho. Almir corroborrou a versão.

Ao G1, Almir, que teve uma prótese reimplantada na perna, disse que não queria falar sobre o novo acidente. “O Cenipa está investigando, o processo ainda está em análise, não há necessidade de eu me manifestar agora. Sofro vários problemas com a Anac e, se me manifestar em hora errada, posso me complicar ainda mais”, afirmou.

O piloto negou que estivesse proibido de voar sozinho. “Colocaram em meu cheque um médico que me avaliou e ele não me deu nenhuma restrição de voo”.
Esse é o terceiro acidente em que Almir se envolve: além do de Marrone e do senador Wilder Morais, Almir pilotava um Esquilo que caiu na mata de Roraima, em 1998, com o ator Danton Mello. Três ficaram feridos e uma pessoa morreu.


Helicóptero de senador
O advogado de Wilder Morais, Brandão de Souza Passos, informou que o Esquilo que caiu, de matrícula PT-YSW, era da construtora Orca, de propriedade do senador, e que foi apenas emprestada ao piloto. “Almir ligou para o senador e pediu emprestado o helicóptero e ele consentiu, são amigos de longa data. O senhor Wilder não sabia para que o Almir usaria, foi um papo informal. Só falou: ‘pode pegar’”, diz.

“A aeronave estava no pátio no aeroclube, e o Almir pediu para fazer os treinamentos dele, sem copiloto. O senador não tem nada a ver com o caso”, diz o advogado.

Segundo boletim de ocorrência registrado na 21ª Delegacia de Polícia de Goiânia, no banco do copiloto estava um piloto habilitado somente para voar aeronaves de instrução R22 e R44 e que não podia atuar em um Esquilo. No banco de trás, estava o coronel reformado da PM Jorge Alves Sobrinho, piloto oficial do senador Wilder Morais.

“Como Almir pediu direto ao senador emprestado, só fui junto para acompanhar, porque, se ele mudasse alguma configuração, eu tinha que saber para não ter problemas depois”, disse Sobrinho.

“Foi Almir quem chamou as pessoas que estavam a bordo, tanto o copiloto quanto a mulher que sentou ao meu lado”, afirmou.

Sobrinho, que é piloto há 20 anos e implantou o serviço aéreo da PM de Goiás, lembra ter se sentido impotente diante da queda: “A manutenção estava em dia, não tinha motivo para o acidente. A sensação de não poder fazer nada é péssima. Nunca mais voo como passageiro em um helicóptero”, disse.

Almir não quis falar ao G1 sobre as causas do acidente ou se ele fazia treinamento ou instrução na aeronave. Disse apenas que “não sabia” que o piloto ao seu lado não podia voar Esquilo e que ainda está analisando com a Anac o caso.

Marrone pagou prótese
A prótese implantada na perna de Alrmir, que permitiu que ele voltasse a voar, foi paga por Marrone, segundo a assessoria do sertanejo. O cantor também matinha o pagamento de um salário até que ele pudesse voltar a trabalhar. A assessoria diz que o piloto não presta mais serviços a Marrone desde que o cantor adquiriu um King Air B-200, ao qual Almir não é habilitado.

A Aeronáutica informou que enviou à Anac uma notificação sobre o caso e que ainda está levantando informações sobre as causas do acidente.

Já o delegado José Luís Chain, que apurou a queda do helicóptero de Marrone em São José do Rio Preto, mostrou-se surpreso com o novo caso envolvendo Almir: “Mas ele não perdeu uma perna, como pôde continuar pilotando?”. O sertanejo e o piloto não foram indiciados no acidente porque não foi possível comprovar quem estava pilotando no momento da queda.

A apuração do Cenipa, que tem como objetivo mostrar as causas do acidente e se Marrone pilotava ou não, já foi concluída, mas ainda não tem prazo para ser divulgada.

Fonte: G1

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