O vice-presidente indonésio, Jusuf Kalla, reconheceu que há “muitas possibilidades” de que o voo QZ8501 da empresa malaia AirAsia
desaparecido neste domingo tenha sofrido um acidente em águas do Mar de
Java. O avião, com 162 pessoas a bordo, cobria a rota entre a cidade
Indonésia de Surabaya e Cingapura e desapareceu dos radares na manhã
deste domingo. As autoridades aéreas perderam o contato com o aparelho,
um Airbus A320-200, às 7h24 (hora local, 22h24 do dia anterior no
Brasil), cerca de 45 minutos depois da decolagem.
Os trabalhos de busca foram suspensos ao cair da noite, mas Kalla
garantiu que “o Governo indonésio enviou a Agência Nacional de Busca e
Resgate (Basarnas), a Força Aérea, a Marinha e o Exército, assim como as
autoridades locais, para que mobilizassem até o último recurso para
procurar o avião, por mar e por terra".
A confirmação inicial do desaparecimento foi feita pela companhia
operadora do voo: “A AirAsia lamenta confirmar que o voo QZ8501 de
Surabaya a Cingapura perdeu o contato com a torre de controle (...) Não
temos mais informações sobre o estado dos passageiros e tripulantes a
bordo”, confirmou a companhia aérea em um comunicado por meio de sua página oficial no Facebook. A rota é de 1.362 quilômetros e dura cerca de duas horas.
O avião decolou no aeroporto internacional de Surabaya às 5h35 na
hora local e deveria ter chegado a Cingapura às 8h37. Uma autoridade do
Ministério de Transportes da Indonésia, Hadi Mustofa, disse à imprensa
local que o piloto do avião, que voava a 9.800 metros de altitude, pediu
permissão para subir aos 11.600 metros devido a problemas de
visibilidades e condições meteorológicas. A companhia, por sua vez, informou em uma nota
que a aeronave havia “solicitado um desvio devido às más condições
meteorológicas na rota antes de a comunicação com o avião se perder,
quando ainda estava sob o controle aéreo indonésio”.
As operações de busca da aeronave começaram entre as ilhas de Kalimantan e Java. Alguns veículos da mídia local dizem que foram encontrados possíveis restos do avião ao leste da ilha indonésia de Belitung,
informação que não foi confirmada nem pela empresa, nem pelas
autoridades no país. O avião tinha combustível para voar aproximadamente
por quatro horas.
No avião voavam 155 passageiros, entre eles 16 crianças e um bebê,
além dos dois pilotos e cinco membros da tripulação —quatro aeromoças e
um engenheiro—. A maioria dos desaparecidos é de nacionalidade indonésia
(156), mas também há três sul-coreanos, um malásio, um francês e um
passageiro de Cingapura, segundo a AirAsia. O piloto e o copiloto
contavam com 6.100 e 2.275 horas de voo, respectivamente. A aeronave
teve sua revisão aprovada em 16 de novembro passado.
As tarefas de busca da aeronave são lideradas pela Autoridade de
Aviação Civil da Indonésia com a ajuda do Exército, que enviou um Boeing
737 da Força Aérea da Indonésia, seis navios e três helicópteros,
segundo o ministro de Transporte do país, Ignasius Jonan. Um porta-voz
militar, Hadi Tjahjanto, disse que os esforços se concentram na área ao
redor da ilha de Belitung. Malásia e Cingapura também ofereceram a ajuda
de seus exércitos para localizar a aeronave.
A AirAsia tem sede em Kuala Lumpur e é considerada a melhor companhia
aérea de baixo custo do sudeste asiático, com mais de 100 destinos para
22 países da região. Desde sua estreia em 1996, nunca havia sofrido um
acidente. Sua frota de aviões está entre as mais novas, com uma média de
três anos e meio. O Airbus desaparecido foi montado em outubro de 2008.
O presidente da companhia, Tony Fernandes, foi até o aeroporto de
Surabaya onde se encontrava a maioria dos passageiros.
O ano de 2014 foi desastroso para as companhias aéreas da Malásia. O
evento de domingo ocorre 10 meses depois que o voo MH370 da Malaysia
Airlines desapareceu enquanto fazia a rota entre Kuala Lumpur e Pequim
com 239 pessoas a bordo. O Boeing 777-200 perdeu contato com a torre de
controle na madrugada do dia 08 de março e, de acordo com
especialistas, mudou de rumo e acabou caindo em algum lugar do Oceano
Índico. No entanto, até agora não foi encontrado nenhum resto do
aparelho para confirmar esta tese nem foram determinadas as causas do
acidente. O desaparecimento do avião levou a uma operação de busca e
resgate sem precedentes que se estendeu do sul do Oceano Índico até a
Ásia Central, com a participação de mais de 24 países. As tarefas de
busca continuam até hoje lideradas pela Austrália e pela Malásia.
Quatro meses depois, o voo MH17 que cobria a rota entre Amsterdã e Kuala Lumpur da mesma empresa foi abatido supostamente por um míssil enquanto voava sobre a Ucrânia em uma área controlada pelos rebeldes pró-russos. Todas as 298 pessoas a bordo morreram no incidente.
O primeiro-ministro malásio, Najib Razak, que teve que voltar antes
de suas férias para coordenar os esforços de socorro nas maiores
inundações que a Malásia sofreu nas últimas décadas, assegurou em um
comunicado que o desaparecimento do voo QZ8501 é uma notícia “muito
triste” e que a Malásia “ajudará em tudo que for preciso”.
Fonte: El Pais
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