segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Indonésia afirma que avião malaio perdido sofreu acidente


O vice-presidente indonésio, Jusuf Kalla, reconheceu que há “muitas possibilidades” de que o voo QZ8501 da empresa malaia AirAsia desaparecido neste domingo tenha sofrido um acidente em águas do Mar de Java. O avião, com 162 pessoas a bordo, cobria a rota entre a cidade Indonésia de Surabaya e Cingapura e desapareceu dos radares na manhã deste domingo. As autoridades aéreas perderam o contato com o aparelho, um Airbus A320-200, às 7h24 (hora local, 22h24 do dia anterior no Brasil), cerca de 45 minutos depois da decolagem.

Os trabalhos de busca foram suspensos ao cair da noite, mas Kalla garantiu que “o Governo indonésio enviou a Agência Nacional de Busca e Resgate (Basarnas), a Força Aérea, a Marinha e o Exército, assim como as autoridades locais, para que mobilizassem até o último recurso para procurar o avião, por mar e por terra".

A confirmação inicial do desaparecimento foi feita pela companhia operadora do voo: “A AirAsia lamenta confirmar que o voo QZ8501 de Surabaya a Cingapura perdeu o contato com a torre de controle (...) Não temos mais informações sobre o estado dos passageiros e tripulantes a bordo”, confirmou a companhia aérea em um comunicado por meio de sua página oficial no Facebook. A rota é de 1.362 quilômetros e dura cerca de duas horas.

O avião decolou no aeroporto internacional de Surabaya às 5h35 na hora local e deveria ter chegado a Cingapura às 8h37. Uma autoridade do Ministério de Transportes da Indonésia, Hadi Mustofa, disse à imprensa local que o piloto do avião, que voava a 9.800 metros de altitude, pediu permissão para subir aos 11.600 metros devido a problemas de visibilidades e condições meteorológicas. A companhia, por sua vez, informou em uma nota que a aeronave havia “solicitado um desvio devido às más condições meteorológicas na rota antes de a comunicação com o avião se perder, quando ainda estava sob o controle aéreo indonésio”.

As operações de busca da aeronave começaram entre as ilhas de Kalimantan e Java. Alguns veículos da mídia local dizem que foram encontrados possíveis restos do avião ao leste da ilha indonésia de Belitung, informação que não foi confirmada nem pela empresa, nem pelas autoridades no país. O avião tinha combustível para voar aproximadamente por quatro horas.

No avião voavam 155 passageiros, entre eles 16 crianças e um bebê, além dos dois pilotos e cinco membros da tripulação —quatro aeromoças e um engenheiro—. A maioria dos desaparecidos é de nacionalidade indonésia (156), mas também há três sul-coreanos, um malásio, um francês e um passageiro de Cingapura, segundo a AirAsia. O piloto e o copiloto contavam com 6.100 e 2.275 horas de voo, respectivamente. A aeronave teve sua revisão aprovada em 16 de novembro passado.

As tarefas de busca da aeronave são lideradas pela Autoridade de Aviação Civil da Indonésia com a ajuda do Exército, que enviou um Boeing 737 da Força Aérea da Indonésia, seis navios e três helicópteros, segundo o ministro de Transporte do país, Ignasius Jonan. Um porta-voz militar, Hadi Tjahjanto, disse que os esforços se concentram na área ao redor da ilha de Belitung. Malásia e Cingapura também ofereceram a ajuda de seus exércitos para localizar a aeronave.

A AirAsia tem sede em Kuala Lumpur e é considerada a melhor companhia aérea de baixo custo do sudeste asiático, com mais de 100 destinos para 22 países da região. Desde sua estreia em 1996, nunca havia sofrido um acidente. Sua frota de aviões está entre as mais novas, com uma média de três anos e meio. O Airbus desaparecido foi montado em outubro de 2008. O presidente da companhia, Tony Fernandes, foi até o aeroporto de Surabaya onde se encontrava a maioria dos passageiros.

O ano de 2014 foi desastroso para as companhias aéreas da Malásia. O evento de domingo ocorre 10 meses depois que o voo MH370 da Malaysia Airlines desapareceu enquanto fazia a rota entre Kuala Lumpur e Pequim com 239 pessoas a bordo. O Boeing 777-200 perdeu contato com a torre de controle na madrugada do dia 08 de março e, de acordo com especialistas, mudou de rumo e acabou caindo em algum lugar do Oceano Índico. No entanto, até agora não foi encontrado nenhum resto do aparelho para confirmar esta tese nem foram determinadas as causas do acidente. O desaparecimento do avião levou a uma operação de busca e resgate sem precedentes que se estendeu do sul do Oceano Índico até a Ásia Central, com a participação de mais de 24 países. As tarefas de busca continuam até hoje lideradas pela Austrália e pela Malásia.

Quatro meses depois, o voo MH17 que cobria a rota entre Amsterdã e Kuala Lumpur da mesma empresa foi abatido supostamente por um míssil enquanto voava sobre a Ucrânia em uma área controlada pelos rebeldes pró-russos. Todas as 298 pessoas a bordo morreram no incidente.

O primeiro-ministro malásio, Najib Razak, que teve que voltar antes de suas férias para coordenar os esforços de socorro nas maiores inundações que a Malásia sofreu nas últimas décadas, assegurou em um comunicado que o desaparecimento do voo QZ8501 é uma notícia “muito triste” e que a Malásia “ajudará em tudo que for preciso”.


Fonte: El Pais



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