A um ano do início da Copa do Mundo no Brasil, o Rio Grande do Sul já
recebeu grande parte dos equipamentos que serão usados pelas forças de
segurança durante o evento da Fifa em Porto Alegre.
O aparato para garantir a realização do evento sem surpresas inclui
câmera térmica aérea de ultima geração, robôs antibombas, aviões não
tripulados e até tanques de guerra. Desta segunda-feira (10) até sexta
(14), o G1 faz um raio X da preparação da capital gaúcha para o Mundial.
O material foi entregue a forças nas três esferas do governo,
municipal, estadual e federal. Alguns deles, como as aeronaves e
blindados das Forças Armadas, podem nem ser usados na capital gaúcha, a
sede dos jogos no estado. Mas todos fazem parte de um complexo
planejamento de segurança, defesa e inteligência desenvolvido ao longo
dos últimos anos.
De acordo com o secretário de Segurança Pública do RS, Airton Michels, o
orçamento de 2013 prevê R$ 190 milhões para investimentos na área, que
serão somados a outros R$ 79 milhões disponibilizados pelo Ministério da
Justiça. Ele destaca o legado que as ações deixarão depois dos jogos.
“É um montante significativo, que vai ajudar a reaparelhar a segurança
pública não só de Porto Alegre, mas de todo o estado. Mas o maior legado
que a Copa nos deixará será a qualificação técnica e funcional das
forças e a integração entre todas elas, que será obrigatória na Copa”,
afirma o secretário ao G1.
Os equipamentos que ainda não chegaram devem ser entregues até
setembro, conforme o cronograma apresentado em Porto Alegre na última
quinta-feira (6) pela Secretaria Extraordinária de Segurança para
Grandes Eventos (Sesge). O órgão vinculado ao Ministério da Justiça
coordenará as estratégias de segurança pública durante a Copa e também
depois dela, nos grandes eventos que o país receberá até 2016.
Ainda neste mês, o estado deve receber máscaras contra gases. Depois,
em agosto, virão o Centro de Comando Móvel e as plataformas móveis de
observação. O Centro de Comando Integrado e Controle (CCIC), que está
sendo montado no prédio da Secretaria de Segurança Pública (SSP), deve
ficar pronto para operar em janeiro de 2014, prevê Michels.
Conheça abaixo alguns dos principais equipamentos que serão utilizados
pelas forças de segurança do estado durante a Copa do Mundo e a Copa das
Confederações. Saiba também como estão se preparando e que funções
terão algumas unidades das polícias militar e federal e das Forças
Armadas sediadas no estado durante esses eventos.
Polícias militar e civil recebem imageador térmico
Apresentado no final de maio, o aparelho capta imagens de alta resolução a longas distâncias e pode identificar pessoas na mais completa escuridão. Trata-se do Imageador Aerotransportado Star Safire 380-HD, que já foi instalado e está em fase de testes em helicópteros da Brigada Militar e da Polícia Civil (veja no vídeo abaixo as primeiras imagens). O Rio Grande do Sul foi o primeiros dos 12 estados que sediarão jogos da Copa a receber o equipamento, que permanecerá no estado depois do evento. O custo foi de R$ 7,5 milhões.
Apresentado no final de maio, o aparelho capta imagens de alta resolução a longas distâncias e pode identificar pessoas na mais completa escuridão. Trata-se do Imageador Aerotransportado Star Safire 380-HD, que já foi instalado e está em fase de testes em helicópteros da Brigada Militar e da Polícia Civil (veja no vídeo abaixo as primeiras imagens). O Rio Grande do Sul foi o primeiros dos 12 estados que sediarão jogos da Copa a receber o equipamento, que permanecerá no estado depois do evento. O custo foi de R$ 7,5 milhões.
O sistema consiste em uma câmera acoplada a uma base fixa na parte
inferior das aeronaves com três sensores, cada um com uma função
específica. O de uso diurno, por exemplo, permite identificar e
monitorar alvos sem que a aproximação seja notada.
“É possível visualizar o rosto de uma pessoa a 10 quilômetros de
distância”, garante o tenente-coronel Carlos Alberto Selistre,
comandante do Batalhão de Aviação (BAv) da Brigada Militar.
Durante a noite, outro sensor ajusta a melhor luminosidade para a
situação. Em áreas de baixa visibilidade, como uma mata fechada, a
câmera capta imagens por meio da diferença de calor, seja qual for a
fonte dele.
Se a intenção for monitorar pessoas, por exemplo, basta
ajustar o dispositivo em 37ºC, a temperatura do corpo humano, explica
Selistre.
“Foi com uma câmera parecida que as autoridades dos Estados Unidos
localizaram um dos autores do atentado na Maratona de Boston escondido
dentro de um barco”, exemplifica.
Conforme o tenente-coronel, o equipamento entregue pelo Ministério da
Justiça tem tecnologia de última geração, "o que há de melhor” na área.
Aperfeiçoamentos permitiram sobrepor mapas em 3D sobre as imagens,
semelhantes aos GPS automotivos. Basta digitar o endereço que a câmera
aponta direto para ele. Outra funcionalidade permite fixar a imagem em
algo, bastante útil em perseguições.
Os movimentos e comandos da câmera são feitos por um operador nos
controles instalados na parte traseira do helicóptero. Em solo, outro
operador monitora as imagens que são transmitidas em tempo real por
antena ou via satélite para o Centro Integrado de Operações de Segurança
Pública (Ciosp) ou, no caso da Copa, o CCIC.
As aplicações são variadas: vão desde missões de vigilância e patrulha
aérea, passando por perseguições, escoltas, investigações ou coleta de
evidências, até apoio em operações de busca e salvamento. Os protocolos
de uso durante o Mundial, no entanto, ainda não foram definidos, diz
Selistre, já que a tecnologia é considerada bastante “invasiva”.
PF ganha robô antibomba mais moderno e versátil
Não menos modernos sãos os equipamentos contra ameaças explosivas que a
Polícia Federal (PF) vai utilizar no esquema de segurança da Copa. Há
cerca de duas semanas, o Grupo de Bombas e Explosivos (GBE) da PF gaúcha
recebeu um robô antibombas fabricado nos Estados Unidos. Segundo a
unidade, o equipamento é um dos mais usados por forças de segurança de
todo o mundo: já foi testado nas guerras do Iraque e Afeganistão e
também no desastre nuclear de Fukushima, no Japão.O iRobot PackBot tem aproximadamente 50 centímetros de comprimento e
pesa cerca de 25 quilos. De perto, lembra um carro de controle remoto. O
joystick praticamente idêntico aos de videogames acoplado a um console
parecido com um notebook também dão a ideia de um brinquedo. Mas não se
engane: o instrumento é usado em situações perigosas e que envolvem
grande complexidade.
Segundo o perito criminal Carlos Lienert, chefe do GBE, o robô tem a
função de evitar a aproximação dos agentes em áreas de risco, sejam elas
ameaças de explosões ou eventos químicos, biológicos, radiológicos e
nucleares. Depois do isolamento dessas áreas, ele entra em ação para
tentar desarmar ou remover os artefatos. Um jato d'água de 1,5 mil
metros por segundo disparado por um canhão é usado para separar o
mecanismo de acionamento de cargas explosivas, impossibilitando a
possível detonação.
“Nessas situações que envolvem ameaças de riscos, nossa principal
preocupação é com a segurança do público envolvido, do patrimônio e, por
último, com os vestígios para uma possível perícia do artefato”, diz
Carlos.
O equipamento também possui quatro câmeras integradas, com sensor
infravermelho, que transmitem imagens em tempo real, via ondas de rádio,
para o módulo do operador, além de alto-falantes para transmissão de
voz. Duas das câmeras são instaladas na “garra”, que fica na parte
superior de um braço articulado capaz de se movimentar em todas as
direções possíveis e atingir 2,4 metros de altura. Com bateria de longa
duração, pode ser operado a mais de um quilômetro de distância.
Um conjunto de duas esteiras também articuladas em cada lateral do robô
permite que ele supere obstáculos irregulares como escadas e se
movimente em velocidade de até 8 km/h. A rapidez, a possibilidade de
adaptações para diferentes tipos de missões, o software mais amigável e a
robustez do equipamento são apontadas como diferenciais em relação ao
robô com tecnologia canadense com o qual o GBE operava desde 2010.
“Com certeza, esse novo equipamento vai nos dar um ganho de qualidade.
Vai permitir uma atuação muito mais rápida e com mais controle e
segurança nas ocorrências em que a gente atua”, explica Carlos.
Durante o esquema de segurança da Copa, o grupo antibombas da PF vai
atuar tanto na prevenção (vistorias para autoridades ou de locais como
hotéis e aeroportos, entre outros) quanto na contingência (operações
propriamente ditas), dentro das atribuições da instituição. E apesar de
Porto Alegre não sediar jogos da Copa das Confederações, o GBE também
participará desse evento – seis integrantes do grupo embarcam na
terça-feira (11) para participar do esquema de segurança em Fortaleza.
Até a Copa, um nova unidade do mesmo robô deve chegar à
Superintendência da PF em Porto Alegre. O custo de cada uma é de cerca
de R$ 400 mil. As compras também incluem aparelhos de raio X e trajes
antifragmentação, que serão somadas a um inventário que já conta com
equipamentos como tendas balísticas, detector de substâncias químicas e
gerador de espuma descontaminante, entre outros.
Esquadrão de Santa Maria usará vants na Copa das Confederações (Foto: Agência Força Aérea/Divulgação)
Forças Armadas atuarão com aviões não tripulados e tanques
Armamentos de guerra adquiridos recentemente pelas Forças Armadas serão
empregados durante a Copa das Confederações, que começa na próxima
sexta-feira (15), e possivelmente durante a Copa do Mundo. Entre eles
estão veículos aéreos não tripulados (vants) e tanques de artilharia
antiaérea, que pertencem a batalhões sediados em Santa Maria, na Região Central do estado.
Segundo o general Manoel Luiz Pafiadache, cerca de 2 mil militares, de
todas as forças, serão mobilizados no Rio Grande do Sul entre 12 de
junho e 13 de julho do próximo ano. O comandante da 6ª Divisão do
Exército foi designado para ser o coordenador de Defesa de Área de Porto
Alegre. Ele vai liderar as operações conjuntas de defesa no centro de
comando que está sendo montado no Comando Militar do Sul, no centro da
capital.
Uma portaria publicada em agosto de 2012 pelo Ministério da Defesa
definiu o papel do Exército, Marinha e Aeronáutica nos grandes eventos
dos próximos anos. Entre as atribuições dos militares estão o controle
dos espaços aéreo, marítimo e vigilância das fronteiras, além de
eventuais ações de contingência no caso de desastres ou ataques
terroristas.
“Nossa atuação será na defesa do espaço aéreo, marítimo, terrestre e
cibernético, além de pontos de infraestrutura estratégicos, como
refinarias, usinas hidrelétricas e hospitais, entre outros. Não haverá
tropas patrulhando as ruas, mas estaremos de prontidão caso seja
necessário”, explica o general Pafiadache.
Para cumprir essas missões, serão usados equipamentos como os vants,
mais conhecidos como drones. Em resumo, os vants são aviões sem pilotos,
controlados remotamente de um centro de operações no solo (leia mais sobre eles aqui).
São usados em missões de vigilância, inteligência e até em ataques, o
que não é o caso dos aparelhos operados pela Força Aérea Brasileira
(FAB) e também pela PF.
Em fevereiro deste ano, a FAB comprou por R$ 48 milhões duas aeronaves
do modelo RQ-450 (Hermes 450), de fabricação israelense. Elas pertencem
ao Esquadrão Hórus, da Base Aérea de Santa Maria. Primeira do país a
utilizar este tipo de equipamento, a unidade já realizava testes e
algumas missões com outros dois aviões idênticos desde 2010.
Com seis metros de comprimento e envergadura das asas de 10 metros, os
Hermes 450 voam a uma altura de até 5 mil metros. De lá, transmitem
imagens em alta definição para uma central de controle operada em um
contêiner, ao lado de uma antena de comunicação. Os dados podem ser
retransmitidos para outras centrais de monitoramento.
Os aviões serão usados para vigiar os estádios Mané Garrincha
(Brasília) e Maracanã (Rio de Janeiro), na abertura e no encerramento da
Copa das Confederações, respectivamente. As aeronaves devem ser usados
também em missões durante a Copa do Mundo, mas ainda não há detalhamento
sobre o uso.
Segundo os setores de Comunicação Social da Base Área de Santa Maria e
da FAB em Brasília, o comandante do Esquadrão Hórus, coronel Donald
Gramkow, não pode atender a reportagem por estar em operação. Em recente entrevista ao G1,
o brigadeiro Mário Luís da Silva Jordão, diretor do Centro de Operações
Aéreas da FAB, explicou como será o uso dos vants na Copa das
Confederações.
“Vamos usar os vants para monitorar os estádios com segurança e sem
interferir no tráfego aéreo, que terá restrições durante as partidas. A
altitude dos vants vai variar, dependendo das especificações do terreno,
se há montanhas perto que podem interferir no envio das imagens, e do
nosso interesse em ter uma maior qualidade das imagens”, afirmou.
O contingente de militares de Santa Maria destacado para a Copa das
Confederações inclui ainda membros do Esquadrão Pantera, que vão operar
os Helicópteros H-60L Black Hawk, adquiridos em 2011. As aeronaves vêm
sendo utilizadas com frequência nas operações Ágata, de controle de
fronteira, e também fizeram um teste de tiro em Florianópolis.
Do Exército, já foram destacados militares da 6ª Bateria de Artilharia
Antiaérea de Santa Maria para atuarem na abertura da Copa das
Confederações, em Brasília. Eles irão operar os tanques de artilharia
antiaérea Gepard, que farão a proteção do espaço aéreo nos arredores do
Estádio Mané Garrincha. O mesmo equipamento será usado no encerramento
do evento, no Rio de Janeiro.
Segundo o capitão Erickson Baratz, os militares participaram de um
treinamento de mais de dois meses na Alemanha, onde os blindados foram
fabricados. O Brasil comprou 34 veículos do modelo por cerca de R$ 79
milhões. Dez deles chegaram ao país na metade do mês passado.
Os tanques possuem dois canhões de 35 milímetros, que juntos disparam
rajadas de 1,1 mil tiros por minuto. Um moderno sistema de radares é
capaz de localizar alvos como aviões e mísseis e atingi-los a cinco
quilômetros de distância e cinco quilômetros de altura. Todo esse
poderio de fogo, no entanto, não ficará à vista dos torcedores na Copa.
“Para a proteção do espaço aéreo, a gente forma uma defesa circular em
volta da área a ser defendida, em pontos estratégicos”, diz Baratz.
A aquisição dos tanques Gepard atende a uma exigência da Fifa para o
Brasil sediar a Copa do Mundo. O país não possuía essa tecnologia de
defesa antiaérea. Depois de garantirem a segurança dos grandes eventos,
algumas unidades serão enviadas para a batalhão de Santa Maria e para
outro semelhante no Paraná.
Fonte: G1
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