Com três horas a mais que o previsto anteriormente, chegou, no início
da noite deste sábado (12) a Araraquara (SP), o Boeing 737, arrematado
por um morador da cidade em um leilão de massa falida da extinta Vasp, em
fevereiro deste ano. Com entusiasmo, Edinei Capistrano, de 57 anos,
piloto há 20, recebeu a aeronave de 25 toneladas ao lado da mulher, a
esteticista Marlene Mendonça, e disse que o trabalho para colocar o
avião em funcionamento como um espaço de eventos só está no começo.
A estrutura com 28 metros de comprimento em que foram gastos R$ 133 mil
na compra, foi transportada de São Paulo até Araraquara
em um caminhão escoltado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
A viagem que teve início na madrugada de sexta-feira (11) chegou ao fim
por volta das 18h deste sábado, devido à chuva que atingiu a região.
Até a manhã deste domingo (13), o Boeing ficará estacionado próximo a
um pátio da Polícia Rodoviária, na Rodovia Washington Luís. De lá, ele
seguirá até o distrito de Bueno de Andrada, onde uma área com 13 mil
metros quadrados o espera. Dois guindastes serão usados para retirá-lo
da carreta e colocá-lo ao solo. As turbinas, o leme e a cauda chegaram
de caminhão ao local no início desta semana.
Plano
Ao todo, 20 pessoas formaram a equipe responsável desde o desmonte da
aeronave no aeroporto de Congonhas
até a sua chegada ao interior do Estado. As asas ocuparam uma segunda
carreta, que também viajou no comboio. A operação custará o dobro do
valor pago pelo Boeing.
Segundo o diretor responsável pelo transporte, Henrique Fernandes,
foram feitos um estudo preliminar sobre as dimensões da estrutura,
vistorias em Congonhas, além de um estudo de três trajetos até a saída
da aeronave de São Paulo.
“O maior entrave foi deixar o aeroporto e chegar até a Rodovia
Bandeirantes. De lá para cá, o percurso foi tranquilo”, diz.
Viajando a uma velocidade média de 40km/h, a chuva deste sábado atrasou
os planos da equipe, que esperava chegar a Araraquara por volta das
12h. “A previsão da saída do km 28 da Bandeirantes era às 6h desta
manhã, mas saímos com três horas de atraso por causa do tempo e
precisávamos da liberação da Polícia Rodoviária para seguir viagem”,
afirma Fernandes.
Acostumado a transportar equipamentos de grande porte e até mesmo
aviões, Fernandes conta que se surpreendeu desta vez quando uma
motorista de um carro, ainda em São Paulo, achou que tivesse havido um
acidente com a aeronave. “Ela vinha atrás do caminhão, sem ter como
ultrapassar, e disse que não sabia o que tinha acontecido com o avião e
perguntou se ele havia caído”, diverte-se.
Projeto
Ao invés de ocupar os ares, o Boeing 737 vai compor agora um espaço
de eventos em Araraquara, mas com o intuito de preservar a história da
aviação.
Na área em que ficará, segundo Capistrano, haverá um estacionamento,
playground e vários salões para festas. “O avião poderá ser visitado e
ficará no centro. As pessoas no máximo poderão cantar o parabéns”,
explicou. Não há uma data para a inauguração do local, mas as peças
começarão a ser montadas nos próximos dias.
O ex-comandante, no entanto, admite nunca ter trabalhado com eventos.
“Nunca fiz isso na minha vida, mas a gente aprende de tudo. Os trabalhos
vão depender de vários investimentos. Precisamos fazer tudo com cautela
para surpreender as pessoas”, afirma Capistrano, que hoje atua como
piloto executivo.
Um dos ex-comandantes da Vasp e amigo do dono do Boeing, Milton Soares
de Oliveira, acompanhou a chegada da fuselagem. “Pilotei aviões como
estes por 13 anos da minha vida e acho interessante se preservar sua
memória dessa forma. Este é o último exemplar de uma era da aviação
brasileira”, disse Oliveira.
Fonte: G1
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