Apesar de melhoras nos sistemas das empresas
nacionais, a compra de chips de celular e de passagens aéreas e
terrestres ainda são um problema para estrangeiros que vêm ao Brasil,
pouco menos de seis meses antes da Copa do Mundo.
Simulações de compra feitas pela BBC Brasil nas
maiores empresas aéreas do país mostraram que nos últimos seis meses,
todas elas tomaram medidas para facilitar o acesso de estrangeiros a
suas páginas, como a não exigência do CPF para comprar passagens.
Os turistas de outros países, no entanto, Clique
continuam a encontrar dificuldades ao tentar pagar com
cartões de crédito internacionais e enfrentam problemas como falhas de
tradução e falta de atendimendo online em inglês. As companhias afirmam
que oferecem opções de atendimento e de pagamento aos estrangeiros e que
trabalham em melhorias em seus sites.
No caso das passagens terrestres, tentativas nos
sites de cinco grandes empresas de ônibus interestaduais mostraram que,
sem um CPF, é impossível para um estrangeiro comprar passagens online.
Atendentes de todas as empresas analisadas
afirmam que turistas estrangeiros podem comprar as passagens com
passaporte e cartões internacionais pessoalmente, nos guichês das
companhias.
Quanto a compras online, uma delas diz que a exigência de
CPF se dá por motivos de segurança.
As quatro maiores empresas de celular dizem
permitir - segundo determinação da Anatel e do Ministério das
Comunicações - que turistas estrangeiros comprem chips pré-pagos usando
somente o passaporte como identificação.
Em simulações de compra pontuais, no entanto, a
reportagem da BBC Brasil foi informada que em duas delas, Vivo e Claro,
isto não era possível. Ambas as empresas disseram que seus funcionários
estão orientados a cumprir a determinação do governo.
Passagens aéreas
Os sites das quatro maiores empresas de aviação
do Brasil - TAM, Gol, Azul e Avianca - já têm versões em outras línguas,
nas quais é possível cadastrar-se com o número do passaporte ou até
prescindir de um documento para a compra da passagem.
Todas elas também declaram aceitar cartões internacionais, mas a compra na prática ainda é difícil.
"O problema com estes sites (das companhias aéreas brasileiras) é que
eles têm versões internacionais que não são completas. Em algum momento
você é redirecionado para algo que está em português e não consegue
entender", disse o executivo de finanças americano Jonathan Richards, de
29 anos, está no Brasil desde a semana passada em uma viagem de férias.
Ao tentar comprar passagens pela Gol, em outubro
deste ano, ele diz ter tido o cartão rejeitado e demorado a conseguir
um atendimento por telefone - que, quando aconteceu, era em português.
A solução encontrada por Richards é a mesma
encontrada por dezenas de turistas - pedir que amigos brasileiros
comprem suas passagens, algo que não deverá ser possível para todos os
que visitarem o país durante a Copa do Mundo de 2014.
Perguntada pela BBC Brasil sobre a possibilidade
de realizar mudanças para melhorar o acesso de clientes estrangeiros, a
empresa respondeu por e-mail que "como empresa competitiva, a Gol está
sempre atenta a melhorias que agreguem valor aos seus clientes".
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Gol
informou também que o sistema de pagamento com cartões internacionais
está funcionando e que irá verificar casos pontuais de erros.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) disse
à BBC Brasil por e-mail que não há regulação específica sobre as
facilidades que os sites das companhias aéreas oferecem ao consumidor
estrangeiro, mas que "é algo que faz parte das recomendações da Anac às
empresas aéreas".
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TAM |
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Azul |
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Avianca |
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Passagens rodoviárias
Se o cartão impede a compra de passagens aéreas,
a falta de um número de CPF é o maior impedimento para a compra de
passagens de ônibus online.
A BBC Brasil testou os sites de cinco das
maiores empresas do setor no Brasil: Viação 1001, Águia Branca,
Itapemirim, Andorinha e Cometa. Apenas duas delas, Viação 1001 e
Itapemirim, tinham uma versão da página inicial ou do site inteiro em
inglês.
No entanto, nenhuma das empresas permitia a
compra de passagens pela internet com o número do passaporte.
Estrangeiros devem ir diretamente aos guichês ou pontos de venda de cada
companhia.
A BBC Brasil tentou contato com todas as
empresas testadas, mas apenas duas responderam. A Viação 1001 disse que a
exigência de CPF no site acontece "por questões de segurança" e que
"ainda não há um prazo definido para qualquer mudança desse
procedimento".
A Viação Cometa afirmou, por meio de sua
assessoria de imprensa, que "estuda medidas para atender ao público
estrangeiro durante o Mundial de futebol".
Uma alternativa para os turistas está em sites de terceiros, como o Clique
Brazil by Bus, que centralizam a venda de passagens das
principais viações. Criado em 2012 por brasileiros, o site, em inglês,
mostra preços em dólares, permite a identificação com o número do
passaporte e a compra com cartões internacionais e PayPal.
Chips de celular
Em setembro de 2012, o Ministério das
Comunicações e a Anatel determinaram que turistas estrangeiros poderiam
comprar e ativar chips de celulares utilizando apenas o passaporte ou a
carteira de identidade de cidadãos dos países membros do Mercosul.
Mais de um ano depois, turistas ainda enfrentam uma maratona para conseguirem se comunicar com um número nacional.
O americano Jonathan Richards conta que, além
dos problemas para conseguir passagens aéreas, levou duas horas em
atendimento até conseguir um chip para seu iPhone.
"Fui a uma loja da Vivo em São Paulo, mas eles
não vendiam microchips pré-pagos naquela loja. Eu tive que ir à banca de
revistas diante da loja para comprar o chip, depois ir até outra loja
para cortá-lo, porque não havia chips pré-pagos que coubessem no iPhone
4. Depois voltei à Vivo para que ativassem o número", explica.
"Primeiro me disseram que eu poderia ativar o chip com meu
passaporte, mas quando ligaram para o centro de ativação, foram
informados de que não seria possível. Então acabei mandando uma mensagem
para meu amigo e usei o CPF dele para terminar o processo."
A BBC Brasil visitou lojas das quatro maiores
operadoras do país - Vivo, TIM, Oi e Claro - em São Paulo. Em duas
delas, na Vivo e na Claro, a reportagem foi informada de que ainda não é
possível para um estrangeiro comprar e ativar um chip pré-pago sem um
CPF.
A Vivo, no entanto, afirmou que estrangeiros
podem, sim, comprar chips pré-pagos em lojas oficiais ou revendedoras,
com o passaporte. "A empresa está reforçando a orientação com os
atendentes, em especial nas lojas citadas pela reportagem", disse à BBC
Brasil, por e-mail.
A Claro afirmou que "todos os atendentes dos
pontos de venda da operadora no País, incluindo lojas próprias e agentes
autorizados, estão instruídos a efetivar a venda a estes cidadãos
(estrangeiros), mediante apresentação do passaporte".
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
disse à BBC Brasil por e-mail ter detectado que "cerca de 60% das lojas
das prestadoras não adaptaram seus procedimentos operacionais a este
entendimento – ou seja, continuam exigindo CPF e, em alguns casos, estão
recusando o passaporte".
O órgão disse ainda que, na maioria dos caos, o
estrangeiro consegue habilitar o chip ligando para o call center da
prestadora e fornecendo o número do passaporte. Mas que considera
"inaceitável que o procedimento não seja efetivo em lojas físicas". O
assunto deverá ser discutido em reunião do órgão com as empresas.
Fonte: BBC
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