Quando estou pousando helicópteros em condições visuais obscurecidas,
utilizo duas técnicas que têm funcionado bem para mim ao longo dos
anos. Independente do distúrbio no ar provocado pelo rotor levantar a
terra solta e causar um obscurecimento parcial ou levantar a neve e
causar um ofuscamento, as técnicas utilizadas para mitigar a visão
obscurecida são parecidas. Embora seja melhor evitar estas condições
alocando um pessoal em solo para recolher a neve, umidificar a área
empoeirada ou até encontrar uma outra área de pouso, há maneiras de
administrar o risco.
A menos que você tenha um helicóptero com rodas e uma superfície para
um pouso seguro, provavelmente precisará de pousar com velocidade zero
em relação ao solo. Isto pode ser feito com segurança utilizando uma
dessas técnicas, sem correr o risco de perder as referências visuais e
basicamente entrar em Condições Meteorológicas por Intrumentos (IMC) em
um voo pairado.
A Aproximação Rasante
A aproximação rasante é o meu método preferido em terrenos mais planos e grandes áreas sem obstruções.
Antes de discutir a aproximação por si só, o “ponto de contato do
distúrbio no ar provocado pelo rotor” deve ser entendido. Este é o ponto
onde o distúrbio no ar se encontra com o solo e a visão torna-se
obscurecida. A sua posição, relativa à aeronave, é uma função da
velocidade da aeronave em relação à massa de ar, da inclinação do disco
do rotor e dos ventos de superfície.
Todas essas variáveis influenciam onde no solo o obscurecimento se
formará e onde se acumulará depois de ser formado. Por exemplo, a
redução da velocidade em relação ao ar ou a mudança do controle cíclico
em direção à cauda mudarão o ponto de contato do distúrbio no ar para
mais perto e para uma posição mais abaixo da aeronave. O piloto pode
controlar a posição da nuvem causadora do obscurecimento administrando a
velocidade em relação ao ar e a posição do disco do rotor em relação à
proa/ cauda.
À medida que a aproximação é feita, permita à aeronave diminuir a
velocidade gradualmente à medida que você se aproxima da área de pouso.
Ao olhar para o lado, você verá a nuvem causadora do obscurecimento
acompanhando por trás à medida que você diminui a velocidade. Deixe o
arrasto natural da aeronave causar a diminuição da velocidade e não, a
mudança do controle cíclico em direção à cauda. Qualquer uso do controle
cíclico em direção à cauda moverá rapidamente para a frente o ponto de
contato do distúrbio no ar provocado pelo rotor e, assim, a nuvem
causadora do obscurecimento.
Com a prática, é possível realizar uma aproximação rasante ao seu
exato local de pouso sem controle cíclico em direção à cauda, resultando
em um pouso com o obscurecimento alcançando exatamente a área do
mastro. Uma advertência, porém: é preciso estar certo da sua área de
pouso; este não é o momento para um pouso em declive ou para dúvidas
quanto à adequação da área para o pouso. O procedimento é pousar assim
que a velocidade da aeronave em relação ao solo alcançar zero, sem
jamais ter a inclinação do disco do rotor à cauda da horizontal.
O vento pode ser benéfico ou prejudicial, portanto certifique-se de
fazer a aproximação no vento, mesmo que esteja somente a alguns nós. O
vento contrário ajudará a manter o obscurecimento à cauda tanto quanto
possível e ajudará a reduzir a velocidade do helicóptero em relação ao
solo a zero sem controle cíclico em direção à cauda. Se o vento for
forte você pode até conseguir pairar, mantendo a nuvem à cauda.
Se houver necessidade de reduzir a velocidade um pouco mais rápido
durante a aproximação, use um pedal pequeno para sair das condições do
ângulo de voo e aumentar o arrasto. Se eu estiver em um voo solo usarei o
mesmo pedal do lado no qual me sento para ter uma visão melhor da nuvem
causadora do obscurecimento atrás. Se houver outra pessoa a bordo,
usarei o pedal oposto para que eu possa ver melhor a área de pouso,
enquanto a outra pessoa observa a nuvem.
Para fins de treinamento, já voei sobre um campo nevoso a 50 pés e
pratiquei a passagem da nuvem nevosa causadora do obscurecimento da proa
à cauda, utilizando o controle cíclico, mas sempre mantendo-a atrás.
Com a prática, você consegue posicioná-la e mantê-la exatamente onde
quer à medida que faz a sua aproximação. Pense nisto como se estivesse
voando dois objetos, o helicóptero e a nuvem.
A Aproximação Íngreme
Esta é uma boa técnica quando a área não permite uma aproximação
rasante, quando há incertezas sobre a área de pouso propriamente dita ou
quando há um fundamento sólido de terra ou neve bem embaixo do material
solto. Esta técnica realmente necessita de um desempenho maior por
parte da aeronave do que a técnica de aproximação rasante e um período
de tempo prolongado pairando fora do efeito de solo. Realisticamente
falando, utilizo essa técnica cerca de 80 porcento das vezes e a técnica
de aproximação rasante aproximadamente 20 porcento.
Faça uma aproximação lenta e íngreme à sua área de pouso, mantendo a
velocidade de descida a menos de 300 pés por minuto; assentando
considerando a potência. Conclua com um voo pairado, tipicamente entre
20 e 100 pés, no primeiro sinal de uma condição visual obscurecida
formando na superfície.
A altura que isto acontece é um bom indicador do potencial do
obscurecimento. (Eu tinha uma regra geral quando voava um EMS à noite:
qualquer coisa acima de 75 pés era inaceitável e optaria por outro LZ.)
Mantenha o voo pairado à medida que o obscurecimento se dissipe. Se
houver um fundamento sólido abaixo da terra solta ou neve, a situação
vai melhorar. Ajuste a sua altitude à medida que houver necessidade para
permanecer em cima e livre da condição visual obscurecida. Em condições
sem vento, pode ser necessário alguns minutos para o obscurecimento se
dissipar.
Se o obscurecimento se dissipar e você acreditar que pode pousar com
segurança, tente achar um objeto bem perto do seu local de pouso para
usá-lo como referência visual, preferencialmente apenas a alguns pés em
frente de você ao lado direito. Pode ser uma rocha, um arbusto, um
galho; qualquer coisa que não possa ser levada pelo vento. Se o
distúrbio no ar provocado pelo rotor inesperadamente levantar mais terra
ou neve durante o pouso, esta pode ser a sua única referência para
controlar o helicóptero.
Se alguma vez você se encontrar em condições de voo por instrumentos
durante um voo pairado devido a uma desorientação em função de terra ou
neve em suspensão, você tem basicamente duas opções não muito boas. Se
ainda estiver bem acima do solo, puxe a potência ao máximo e torça para
voar fora da condição visual obscurecida sem perder o controle ou se
estiver próximo ao solo, abaixe o controle coletivo e torça para pousar
sem rolar o helicóptero. Esteja seguro e lembre-se: é melhor usar o seu
excelente discernimento, evitando a necessidade de usar as suas
excelentes habilidades.
Fonte: AOPA Hover Power/ Reportagem: Markus Lavenson
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