segunda-feira, 8 de junho de 2015

Voando pelas Nuvens: Controlando Ofuscamento e Obscurecimento Parcial


Quando estou pousando helicópteros em condições visuais obscurecidas, utilizo duas técnicas que têm funcionado bem para mim ao longo dos anos.  Independente do distúrbio no ar provocado pelo rotor levantar a terra solta e causar um obscurecimento parcial ou levantar a neve e causar um ofuscamento, as técnicas utilizadas para mitigar a visão obscurecida são parecidas.  Embora seja melhor evitar estas condições alocando um pessoal em solo para recolher a neve, umidificar a área empoeirada ou até encontrar uma outra área de pouso, há maneiras de administrar o risco.

A menos que você tenha um helicóptero com rodas e uma superfície para um pouso seguro, provavelmente precisará de pousar com velocidade zero em relação ao solo. Isto pode ser feito com segurança utilizando uma dessas técnicas, sem correr o risco de perder as referências visuais e basicamente entrar em Condições Meteorológicas por Intrumentos (IMC) em um voo pairado.


 A Aproximação Rasante
A aproximação rasante é o meu método preferido em terrenos mais planos e grandes áreas sem obstruções.

Antes de discutir a aproximação por si só, o “ponto de contato do distúrbio no ar provocado pelo rotor” deve ser entendido. Este é o ponto onde o distúrbio no ar se encontra com o solo e a visão torna-se obscurecida. A sua posição, relativa à aeronave, é uma função da velocidade da aeronave em relação à massa de ar, da inclinação do disco do rotor e dos ventos de superfície.

Todas essas variáveis influenciam onde no solo o obscurecimento se formará e onde se acumulará depois de ser formado. Por exemplo, a redução da velocidade em relação ao ar ou a mudança do controle cíclico em direção à cauda mudarão o ponto de contato do distúrbio no ar para mais perto e para uma posição mais abaixo da aeronave. O piloto pode controlar a posição da nuvem causadora do obscurecimento administrando a velocidade em relação ao ar e a posição do disco do rotor em relação à proa/ cauda.

À medida que a aproximação é feita, permita à aeronave diminuir a velocidade gradualmente à medida que você se aproxima da área de pouso.  Ao olhar para o lado, você verá a nuvem causadora do obscurecimento acompanhando por trás à medida que você diminui a velocidade. Deixe o arrasto natural da aeronave causar a diminuição da velocidade e não, a mudança do controle cíclico em direção à cauda. Qualquer uso do controle cíclico em direção à cauda moverá rapidamente para a frente o ponto de contato do distúrbio no ar provocado pelo rotor e, assim, a nuvem causadora do obscurecimento.

Com a prática, é possível realizar uma aproximação rasante ao seu exato local de pouso sem controle cíclico em direção à cauda, resultando em um pouso com o obscurecimento alcançando exatamente a área do mastro. Uma advertência, porém: é preciso estar certo da sua área de pouso; este não é o momento para um pouso em declive ou para dúvidas quanto à adequação da área para o pouso. O procedimento é pousar assim que a velocidade da aeronave em relação ao solo alcançar zero, sem jamais ter a inclinação do disco do rotor à cauda da horizontal.

O vento pode ser benéfico ou prejudicial, portanto certifique-se de fazer a aproximação no vento, mesmo que esteja somente a alguns nós. O vento contrário ajudará a manter o obscurecimento à cauda tanto quanto possível e ajudará a reduzir a velocidade do helicóptero em relação ao solo a zero sem controle cíclico em direção à cauda. Se o vento for forte você pode até conseguir pairar, mantendo a nuvem à cauda.

Se houver necessidade de reduzir a velocidade um pouco mais rápido durante a aproximação, use um pedal pequeno para sair das condições do ângulo de voo e aumentar o arrasto. Se eu estiver em um voo solo usarei o mesmo pedal do lado no qual me sento para ter uma visão melhor da nuvem causadora do obscurecimento atrás. Se houver outra pessoa a bordo, usarei o pedal oposto para que eu possa ver melhor a área de pouso, enquanto a outra pessoa observa a nuvem.


Para fins de treinamento, já voei sobre um campo nevoso a 50 pés e pratiquei a passagem da nuvem nevosa causadora do obscurecimento da proa à cauda, utilizando o controle cíclico, mas sempre mantendo-a atrás. Com a prática, você consegue posicioná-la e mantê-la exatamente onde quer à medida que faz a sua aproximação. Pense nisto como se estivesse voando dois objetos, o helicóptero e a nuvem.

A Aproximação Íngreme
Esta é uma boa técnica quando a área não permite uma aproximação rasante, quando há incertezas sobre a área de pouso propriamente dita ou quando há um fundamento sólido de terra ou neve bem embaixo do material solto.  Esta técnica realmente necessita de um desempenho maior por parte da aeronave do que a técnica de aproximação rasante e um período de tempo prolongado pairando fora do efeito de solo. Realisticamente falando, utilizo essa técnica cerca de 80 porcento das vezes e a técnica de aproximação rasante aproximadamente 20 porcento.

Faça uma aproximação lenta e íngreme à sua área de pouso, mantendo a velocidade de descida a menos de 300 pés por minuto; assentando considerando a potência. Conclua com um voo pairado, tipicamente entre 20 e 100 pés, no primeiro sinal de uma condição visual obscurecida formando na superfície.

A altura que isto acontece é um bom indicador do potencial do obscurecimento. (Eu tinha uma regra geral quando voava um EMS à noite: qualquer coisa acima de 75 pés era inaceitável e optaria por outro LZ.) Mantenha o voo pairado à medida que o obscurecimento se dissipe. Se houver um fundamento sólido abaixo da terra solta ou neve, a situação vai melhorar. Ajuste a sua altitude à medida que houver necessidade para permanecer em cima e livre da condição visual obscurecida. Em condições sem vento, pode ser necessário alguns minutos para o obscurecimento se dissipar.


Se o obscurecimento se dissipar e você acreditar que pode pousar com segurança, tente achar um objeto bem perto do seu local de pouso para usá-lo como referência visual, preferencialmente apenas a alguns pés em frente de você ao lado direito. Pode ser uma rocha, um arbusto, um galho; qualquer coisa que não possa ser levada pelo vento. Se o distúrbio no ar provocado pelo rotor inesperadamente levantar mais terra ou neve durante o pouso, esta pode ser a sua única referência para controlar o helicóptero.

Se alguma vez você se encontrar em condições de voo por instrumentos durante um voo pairado devido a uma desorientação em função de terra ou neve em suspensão, você tem basicamente duas opções não muito boas. Se ainda estiver bem acima do solo, puxe a potência ao máximo e torça para voar fora da condição visual obscurecida sem perder o controle ou se estiver próximo ao solo, abaixe o controle coletivo e torça para pousar sem rolar o helicóptero. Esteja seguro e lembre-se: é melhor usar o seu excelente discernimento, evitando a necessidade de usar as suas excelentes habilidades.


Fonte: AOPA Hover Power/ Reportagem:  Markus Lavenson



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