Vemos repetidamente estudos e comentários apontando Rio de Janeiro e São Paulo como as cidades que mais vão receber turistas estrangeiros.
Sem sombra de dúvida nossas duas grandes metrópoles, tanto por sediarem os dois principais jogos, concentrarem mais de 85% dos voos internacionais, tanto por oferecerem mais atrações e opções de hospedagem, terão papel fundamental no evento, mas segue o não reconhecimento a um tipo de turista que até aqui foi muito pouco falado, mas que pelas perspectivas históricas, proximidade e renda em alta, tem tudo para surpreender.
Estamos falando dos Sul-Americanos. Desprovidos da proximidade de uma Copa do Mundo desde 1978, data da última Copa em solo Sul-Americano realizada na Argentina, até 2014 no Brasil serão exatos 36 anos. Neste intervalo de tempo a economia da região se multiplicou, a paixão pelo futebol se tornou mais exacerbada e a Copa aumentou de tamanho, mas nunca houve uma efetiva chance para os Sul-Americanos vivenciarem uma Copa local.
Não imaginar que um contingente de mais de 1 milhão de Sul-Americanos possa "invadir" o Brasil usando carros, motos, ônibus e aviões, só traz mais um elemento de potencial caos no cenário da Copa. A depender de onde os classificados da região venham a jogar, milhares poderão invadir as ruas, praças (e por que não praias) de nossas cidades, muitos deles sem ingressos mas dispostos a vivenciar o clima da grande competição do esporte mais popular do planeta.
Estudos demonstram que um jogo da Argentina, em qualquer cidade do Brasil, pode representar para o aeroporto o tráfego de até 100 voos extras (15 mil passageiros) já que a distância entre a Argentina e a maior parte das cidades Brasileiras que vão sediar jogos é inferior a 4 horas, o que tornaria possivel um voo partir de Buenos Aires as 9h da manhã, chegar por exemplo a Confins as 13h, deslocar os torcedores até o Mineirão para um jogo as 17h e, depois, a partir das 21h, decolar de volta à capital Argentina onde todos vão poder dormir tranquilamente. O mesmo pode ocorrer com Peru, Paraguai e Uruguai de forma generalizada e, de forma mais localizada, com Chile, Colombia, Equador e Venezuela.
O que fazer para preparar cidades e aeroportos? Uma cidade como Porto Alegre pode literalmente ser invadida durante a Copa por milhares de Uruguaios e Argentinos, o mesmo ocorrendo com Curitiba (inclusive por Paraguaios) e até São Paulo. Todavia nossas estradas não tem qualquer previsão de melhorias e a perspectiva de tráfego intenso por estrangeiros com vontade de chegar logo pode ser o combustível inflamável para grandes problemas.
No campo dos aeroportos é evidente a necessidade de construção urgente de mais patios onde possível for nos atuais aeroportos para prepará-los a uma demanda adicional sem que as operações regulares de passageiros ou mesmo de cargas tenham seus fluxos reduzidos ou impactados.
É evidente que não devemos esperar por terminais já que sua construção já deveria estar em andamento para que fossem inaugurados a tempo da Copa (em breve vamos colocar holofotes até na obra de conclusão do T2 do Galeão, antes muito folgada e que já tem, graças a inércia da Infraero, um atraso significativo) e nem tão pouco podemos aguardar por novos aeroportos.
Em um cenário onde não sabemos nem com quais estádios poderemos contar, pensar em estradas e aeroportos parece até teimosia.
E é.
Fonte: ContatoRadar Texto: LipeGIG
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