Está decidido: o governo
não vai mexer na liberdade de tarifas praticadas pelas companhias
aéreas. O mercado andava nervoso com a proposta da Embratur, encampada
também pelo Ministério do Turismo, de estabelecer tetos para as tarifas.
Também foi descartada, por enquanto, a
possibilidade de aumentar dos atuais 20% para 49% o limite de capital
estrangeiro com direito a voto nas empresas aéreas. No fim do ano
passado, o Palácio do Planalto teve que agir nos bastidores para evitar a
votação do texto que autorizava esse aumento, na Câmara dos Deputados.
É verdade, admite uma fonte qualificada do
governo, que um grau de abertura maior ao capital estrangeiro
facilitaria a capitalização das companhias aéreas nacionais. O risco
temido pelo Planalto é que essa capitalização fique restrita, em um
primeiro momento, justamente às empresas que hoje detêm uma participação
de mercado muito grande: TAM, Gol e Azul/Trip. Ou seja, em vez de
favorecer a concorrência, apenas reforçaria a concentração.
Quanto à proposta da Embratur, não há disposição
em mexer na liberdade tarifária, que completou dez anos no ano passado e
é um dos pilares do atual marco regulatório da aviação comercial.
Antes, o antigo Departamento de Aviação Civil (DAC) fixava preços
mínimos e máximos para a venda de passagens. Um levantamento oficial
indica que 16% de todos os bilhetes são comercializados a menos de R$
100 e 46% a menos de R$ 200. No outro extremo, passagens aéreas acima de
R$ 1.500 correspondem a 0,1% do total.
Para o governo, a liberdade de cobrar mais por
bilhetes vendidos em cima da hora e em horários de pico tem gerado um
“efeito Robin Hood”, permitindo às empresas baixar as tarifas para a
maioria de seus assentos. Isso ajuda a explicar, na avaliação oficial, o
crescimento da demanda acima de dois dígitos em quase todos os anos
desde o início da década passada.
No entanto, o governo reconhece que houve
“abuso” de algumas companhias aéreas, às vésperas de feriados
importantes. Conversou com seus executivos e pediu “bom senso” nos
bilhetes mais caros, argumentando que passagens acima de R$ 3 mil em
trechos domésticos não ajudam na defesa da liberdade tarifária. E foi
só. Mais do que isso, por ora, não ocorrerá.
Fonte: Valor
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