Uma série de obras estão sendo feitas neste momento nos aeroportos
brasileiros, em uma tentativa de melhorar a infraestrutura às vésperas
da Copa. A execução das obras, no entanto, tem apresentado mudanças de
cronograma, causando prejuízo a empresas e passageiros.
Um
levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear)
a pedido do jornal O Estado de S. Paulo aponta que diversos voos foram
cancelados para liberar as pistas para a realização de obras, que
acabaram adiadas. Apenas uma das empresas perdeu R$ 10,7 milhões com as
alterações no cronograma de obras de sete aeroportos durante o ano
passado, informa a Abear, sem revelar o nome da companhia. Nesse caso,
cerca de 52 mil passageiros foram afetados pelas mudanças nos voos.
No
aeroporto de Goiânia, por exemplo, o cronograma previa obras na pista
entre os dias 1º de março e 2 de julho de 2013. Mas as obras começaram
sete dias depois e acabaram 22 dias antes do previsto. As empresas só
retomaram os voos no dia 2 de julho e o aeroporto ficou sem voos mesmo
em períodos em que a pista estava livre.
As empresas mexem em
dezenas de voos para fazer uma mudança na malha. Se o voo for cancelado,
ele é retirado do sistema de vendas e não dá para reativar de última
hora, explica o diretor de operações da Abear, Ronaldo Jenkins.
Segundo
ele, as companhias entendem que as obras são necessárias, mas precisam
que o cronograma seja cumprido para minimizar o impacto nos voos. O
ideal, diz Jenkins, seria que as obras fossem confirmadas com 90 dias de
antecedência. É um absurdo o aeroporto ficar parado. O assento no
avião é um produto perecível. As empresas não têm como repor essas
perdas, disse Jenkins.
O custo com os voos cancelados sem
necessidade aumenta o prejuízo das empresas e deve impactar no preço da
passagem, ressalta o professor de transporte aéreo da UFRJ, Elton
Fernandes. A ineficiência do sistema entra como um risco do negócio. E,
quando há mais risco, os preços sobem.
Desgaste
Os
voos começam a ser vendidos pelas empresas um ano antes. Quando há
necessidade de cancelar ou alterar o horário, a empresa precisa retirar
esse voo do sistema e reacomodar os passageiros que já compraram a
passagem. Apesar das alterações nas datas da reforma de aeroportos não
dependerem da empresa, é obrigação dela comunicar as mudanças nos voos
aos passageiros.
No caso da reforma do aeroporto de Salvador, que
previa o fechamento da pista por três horas durante nove dias em
novembro, a ação foi agendada quatro vezes. Essas mudanças levaram a
alterações em diversos voos e impactaram 15 mil passageiros, estima a
Abear. Isso gera um desgaste das empresas com os passageiros, diz
Jenkins.
As reformas continuam em 18 aeroportos brasileiros neste
ano, aponta o levantamento da Abear. A Infraero diz que muitas obras
ocorrem ao mesmo tempo por esgotamento da infraestrutura e porque foram
adiadas a pedido das próprias empresas aéreas. A Copa não tem nada a
ver com isso. É uma questão de continuidade da infraestrutura, diz o
superintendente de Gestão Operacional da Infraero, Marçal Goulart.
As
empresas não querem diminuir em nada a operação. Fomos adiando muitas
obras por conta do interesse delas. Só conseguimos comprovar que a obra é
necessária quando a estrutura chega no limite.
Segundo ele, um
exemplo de obra adiada a pedido das empresas é a ampliação da pista do
aeroporto de Confins, que deveria ter ocorrido em 2013 e foi cancelada. O
plano original previa retirar os voos internacionais por seis meses.
Mas as empresas reclamaram e o plano foi alterado, atrasando a obra.
As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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