sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Airbus e Bombardier se unem e criam concorrente de peso para a Embraer


Num acordo com potencial para mudar a dinâmica do mercado de fabricação de aviões, a Airbus anunciou nesta terça-feira que comprou fatia majoritária do programa de aeronaves C Series da Bombardier. A empresa canadense é a principal concorrente da Embraer no segmento de jatos de até 150 assentos. Na avaliação de especialistas, a aliança com a Airbus cria uma rival de peso para a empresa brasileira e pode levar a novas movimentações no setor. Analistas estrangeiros citam até mesmo a possibilidade futura de uma aproximação maior entre Embraer e Boeing, embora ressaltem que se trata de um movimento incerto e bastante complexo.

Um dos pontos centrais para o fechamento dessa nova aliança é a discussão sobre subsídios de Estados a fabricantes de aeronaves. A Embraer já abriu processo junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) no qual questiona o apoio do governo canadense à Bombardier para a comercialização dos C Series.

COMPRA DE CONTROLE POR US$ 1

Os Estados Unidos ameaçavam impor tarifas de até 300% aos jatos da fabricante canadense pois consideravam que a empresa se beneficiava de incentivos que afetavam a competição com a Boeing. Num dos lances mais recentes da rivalidade entre fabricantes de aeronave, a Boeing acusou a Bombardier de fabricar jatos graças a essa ajuda e de ter vendido unidades à Delta Air Lines mesmo com perdas.

O acordo firmado com a Airbus dribla parte destas dificuldades. Os aviões C Series poderão ser construídos na fábrica da Airbus no Alabama, o que acabaria com as tarifas de importação.

“Estamos fechando este negócio não por causa da competição com a Boeing. Estamos fazendo esse acordo porque ele é o movimento estratégico correto para a Bombardier”, disse Alain Bellemare, presidente da companhia canadense.

Para a Bombardier e o programa C Series, desenvolvido a um custo de US$ 6 bilhões, a aliança representa a chance de ganhar economia de escala e melhor estratégia de vendas. A fabricante canadense, que não fecha uma venda de aeronave do C Series há 18 meses, diz que a parceria pode mais do que duplicar o valor da família de aviões de 110 a 130 lugares.

MAIS FÔLEGO PARA MERCADO DE MÉDIO PORTE

As ações das fabricantes de aviões reagiram rápido às mudanças. Os papéis da Embraer fecharam em baixa de 5,41%, a R$ 16,07 e chegaram a cair 6,9% durante o pregão. Os bancos Deutsche Bank e Scotia Capital rebaixaram suas recomendações para os papéis da companhia brasileira, manifestando preocupação com o impacto do acordo entre Airbus e Bombardier.

As ações da Bombardier dispararam 14,71% na Bolsa de Toronto. Os papéis da Airbus subiram 4,83% em Paris, e os da Boeing recuaram 0,44% no mercado americano.

— Agora, a Embraer com certeza vai ter um competidor muito mais forte. Os C Series são aeronaves excelentes e, com a força da Airbus, devem voltar a ter grande potencial de venda — avalia Respício Espírito Santo, professor de Transporte Aéreo da UFRJ, lembrando que a nova geração dos E-Jets E2 da Embraer só começa a ser entregue no próximo ano.

Fonte: O Globo

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