Um avião modelo Hércules C-130, da Força Aérea Brasileira, que se acidentou na Antártica
em novembro passado, continua de barriga no chão em uma base no
continente mantida pelo governo do Chile, sem que haja previsão de
conserto ou desmontagem para remoção ao Brasil.
Com isso, segundo especialistas, o país estaria ferindo a exigência do
Tratado Antártico, que rege as atividades na região, que proíbe os
Estados-membros de deixarem resíduos em qualquer parte do território,
com biodiversidade considerada sensível a impactos ambientais.
Imagem obtida pelo G1, feita há cerca de um mês, mostra o avião militar tombado na pista da base Eduardo Frei.
Imagem obtida pelo G1, feita há cerca de um mês, mostra o avião militar tombado na pista da base Eduardo Frei.
O acidente aconteceu em 27 de novembro, quando o cargueiro, que tem
pouco menos de 30 metros de comprimento, realizava o traslado de civis e
militares entre Punta Arenas, no Chile, para a base antártica.
O trecho integra a logística da FAB e da Marinha para levar cientistas e
militares à estação Comandante Ferraz, na Baía do Almirantado, dentro
do Programa Antártico Brasileiro (Proantar).
O local, reconstruído de forma provisória após incêndio ocorrido em
2012 (que causou a morte de dois militares), abriga pesquisadores
responsáveis por estudos sobre mudanças climáticas, meteorologia, vida
marinha, arquitetura e etc.
Da base chilena até Comandante Ferraz, o trajeto é feito de helicóptero ou por navio – modal utilizado com mais frequência.
As causas do acidente ainda são investigadas, mas há chance de que o
clima hostil na Antártica, com ventos intensos e grande quantidade de
nuvens, que prejudicam a visibilidade na hora do pouso, possa ter
interferido.
Na época, o cargueiro repleto de militares e civis pousou de barriga, o
que provocou danos em uma de suas hélices e nos trens de pouso. O
impacto não deixou feridos, mas causou vazamento de combustível sobre a
neve.
De acordo com a Aeronáutica, os fatores envolvidos ainda estão sob
investigação e farão parte de um relatório final que não tem prazo para
ser concluído. Além disso, segundo a assessoria de imprensa da FAB, por
se tratar de um avião militar, não são divulgados detalhes do processo
“por questões de segurança nacional”.