Uma cidade-fantasma. Assim pareceu
Kobane à primeira vista aos olhos do fotógrafo brasileiro Gabriel Chaim,
que passou quase um mês na cidade síria que entre abril e maio deste
ano.
As casas destruídas, os restos de móveis
e roupas misturados aos escombros e a população vivendo no meio do
monte cinzento de concreto foram cenas registradas por ele não só do seu
ponto de vista de observador no solo, mas também do alto.
Chaim levou um drone para a sua viagem, a
quarta que ele fez à Síria desde que o país entrou em guerra, há mais
de quatro anos. Especializado em cobertura de conflitos, o brasileiro
acoplou sua câmera a essa espécie de avião não tripulado e captou
filmagens e fotos a partir do alto.
As fotografias, publicadas com
exclusividade pelo G1, dão uma dimensão clara do estado em que a cidade
ficou após quatro meses de violentos combates entre os radicais da
organização Estado Islâmico (EI) e soldados curdos (o povo que morava na
cidade).
Aliados aos combatentes em terra,
bombardeios da coalizão internacional encabeçada pelos EUA contribuíram
para a retomada de Kobane em janeiro deste ano.
A expulsão dos terroristas da cidade se
tornou um símbolo da luta contra o Estado Islâmico, por ter sido
considerada a derrota mais importante da organização extremista desde
sua aparição na guerra da Síria, em 2013. Mais de mil jihadistas
morreram na ofensiva.
80% da cidade arrasada
Mas os tiros e as bombas que libertaram
Kobane dos invasores tiveram um alto preço para a cidade e sua
população. Apenas 20% das construções ficaram de pé. Os civis, que agora
retornam à terra onde viviam até setembro do ano passado, encontram
suas casas e os edifícios onde trabalhavam no chão.
Alguns desistem e tentam voltar para a
Turquia, que fica a poucos quilômetros dali e por isso foi a principal
rota de fuga para os refugiados de Kobane. Mas as fronteiras do país
vizinho estão fechadas.
“Muitos chegam e pensam: 'Não quero
morar nesse local’. Mas eles não podem voltar para a Turquia, então a
única possibilidade que têm é de reconstruir tudo do zero”, conta Chaim.
Drone na malaO fotógrafo diz que teve a
ideia de levar um drone para a guerra na última viagem que fez à Síria,
no ano passado. “Como eu estava apenas em solo, a minha mobilidade se
restringia muito”, conta. “Já voltei para o Brasil pensando em levar um
drone da próxima vez que fosse para lá.”
Ao ver o que havia acontecido na cidade de Kobane, ele achou que as imagens aéreas seriam uma boa forma de fazer o registro. Comprou o equipamento uma semana antes de viajar e aprendeu a operá-lo em campos para aeromodelos de São Paulo, onde mora.
O drone fez sucesso entre os curdos. Crianças se empolgavam com o veículo voador e acenaram várias vezes para a câmera.
Em sua estadia na cidade, o brasileiro também visitou fronts de guerra, um deles com mulheres combatentes.
Fonte: G1
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