O presidente venezuelano Nicolás Maduro
se voltou novamente contra as companhias aéreas que operam no país e
determinou um aumento de 350% no valor cobrado pelas passagens a partir
de 1º de julho. O presidente executivo da Associação Venezuelana de
Linhas Aéreas, Humberto Figuera, afirmou nesta terça-feira que as
empresas terão de calcular o valor dos bilhetes seguindo uma taxa de 50
bolívares por dólar, um dos quatro tipos de câmbio que existem no país. A
medida é mais um duro golpe nos bolsos dos venezuelanos que planejavam
viajar ao exterior, uma vez que os altos preços cobrados pelas
companhias anteriormente regulavam em torno de 10,90 bolívares por
dólar. Como apenas o governo tem o direito de comprar e vender a moeda
americana na Venezuela, muitos cidadãos recorrem ao mercado negro para
trocarem o dinheiro, um dos motivos que levaram a inflação às alturas no país.
Por terem de seguir regras fiscais e contábeis, as empresas aéreas
também só podem operar com câmbio oficial do governo e acabam perdendo
muito dinheiro com isso. Companhias aéreas internacionais dizem que o
governo de Maduro deve a elas mais de 3 bilhões de dólares. As rígidas
regras de controle sobre as divisas estrangeiras foram impostas pela
primeira vez em 2003, pelo então presidente Hugo Chávez. Com a medida, o
governo espera conter a fuga de capitais, mas a insistente crise
econômica e a falta de segurança institucional têm levado investidores a
desistirem da Venezuela.
Embora Maduro ameace sancionar as empresas que não cumprirem as novas
determinações, uma fonte ligada ao setor aéreo afirmou que o tiro do
presidente pode sair pela culatra. Se usarem o bom senso, as companhias
poderão utilizar a nova legislação do mandatário para nivelarem os
preços das passagens por baixo. “Os preços que vemos no mercado
venezuelano são fruto da elevada dívida que o governo mantém com o
setor. Vemos que são os preços mais altos da região. Por exemplo, uma
passagem de Bogotá a Miami custa mais ou menos 600 dólares, enquanto uma
de Caracas a Miami não sai por menos de 1.200 dólares”, afirmou a
fonte, em condição de anonimato. “Aposto no raciocínio do setor, porque,
do contrário, seria uma loucura. O poder aquisitivo não tem crescido
aqui para suportar esse aumento.”
Copa do Mundo – Em mais um de seus vários delírios,
Maduro disse recentemente que a crise na aviação venezuelana estava
sendo provocada não pela dívida milionária com as empresas, mas pelo
interesse dos turistas de viajarem ao Brasil para assistir à Copa do
Mundo. A alegação foi uma reação à interrupção dos serviços prestados
pelas empresas Air Canada
e American Airlines, pela suspensão do trecho Roma-Caracas que era
operado pela italiana Alitalia e pelos resultados negativos divulgados
pela Gol, que cobre a rota São Paulo-Caracas. A companhia brasileira
disse que perdeu 34 milhões de dólares no primeiro trimestre de 2014
devido à depreciação da moeda venezuelana e recursos retidos pelo
governo que totalizam 159 milhões de dólares, segundo o jornal espanhol El País.
“Como parte da guerra econômica que está em curso contra a Venezuela,
algumas linhas aéreas estão anunciando coisas, alguns dos anúncios são
manipulados, algumas linhas aéreas da Europa fizeram uma reprogramação
dos voos para o Mundial de futebol que está atraindo voos ao Brasil”,
disse o presidente. Maduro, inclusive, decretou que as empresas que
deixarem de operar no país não voltarão nunca mais a terem voos
direcionados para o aeroporto de Caracas. “Se irão embora, que fiquem
por lá, não voltem mais para a Venezuela, porque a Venezuela se respeita
e quem quer prejudicar a Venezuela pagará por isso”, afirmou.
Fonte: www.veja.abril.com.br
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